sábado, 13 de dezembro de 2008

Tô no meio de um equívoco. Cadê a epifania?

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Cumplicidade

Elas se olharam cúmplices. Apesar da pouca idade daquela amizade, o respeito e o cuidado eram nítidos. Uma, não querendo magoar, outra, se recusando a atrapalhar. E assim o respeito se estabeleceu. Com silêncios maiores e mais adequados que palavras tardias ou indevidas.

Uma sentiu-se grata, a outra, aliviada. O caráter, era o que as unia. Forte, correto, franco, corajoso.

Um motivo alheio a vontade delas e menor do que tudo o que elas sempre foram, era um ponto delicado. Envolvia essa coisa de auto-estima feminina que nem sempre age com bom senso e justiça.

Ainda assim, as duas guerreiras foram leais uma a outra. Elas nunca duvidaram que uma grande amizade vale mais que qualquer trepada. Por mais genial que fosse a trepada em questão. E ao menos pra uma delas, era. Havia sido, havia passado, havia curado.

Amizades deveriam ser sempre assim. Generosas. E foi assim com elas. O que não impede que a nostalgia chegue, mas o que garante, que a mágoa fique longe.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Personagem Irrelevante

Todos os olhares pareciam te observar, enquanto seus olhos pertenciam ao vazio. Não havia troca concreta. Eles estavam perdidos na fumaça de cigarro e gelo seco que sufocava aquele pequeno espaço cheio de uma música alta e incapaz de fazer dançar.

Todos os desejos alheios se insinuavam para você, enquanto os seus, só queriam ser cortejados. Por qualquer um, a qualquer hora, com qualquer frase rasa que te desse alguma certeza, em detrimento à dúvida absoluta que você tem de si mesmo.

Você parece preferir a conquista momentânea, barata e superficial à qualquer resquício de sentimento que te faça imaginar.

A sua fuga declarada não é menor que sua inconstância imatura. Seu personagem é irrelevantemente irônico e dissimulado. E está tomando conta de você. Ficando maior que você. E te fazendo perder qualquer vínculo que ainda reste entre você e você mesmo.

Você se justifica depois de cada ato e volta ao palco sem qualquer chance de surpreender a platéia, que exausta do seu teatro, abandona a peça no meio. Platéia que em seguida, vai pra vida como se nunca estivesse estado ali. Você está perdendo aos poucos a capacidade de tocar as pessoas. Eu não te acredito mais.

Seu personagem me cansa e deprime. Seu texto, tão cheio de clichês, me deixa a sensação de que você não vale a pena e nem nunca valerá.

Você está se transformando numa letra de rimas fáceis e previsíveis. E falta harmonia na melodia. Falta inspirar, respirar. Falta um convite que valha.

Certa vez o convite foi feito. E foi aceito. E foi sincero. Me comoveu, me arrebatou.

Você já foi um dia, capaz de cometer carinhos espontâneos, mantendo o personagem num lugar de onde ele jamais deveria ter saído...