segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sou dos diálogos arrebatadores de Almodovar e das cores intensas de Frida...

...ainda que ninguém me ouça...ainda que ninguém me veja....

Paradoxal....

É na incoerência que eu me reconheço. Nas vezes que afirmo e naquelas que nego. Nas horas que fujo e que depois me entrego. Perambulando por aí sem ter um mapa que me guie. Mais moleca que gente grande, mais sorriso que cara feia. Diante da platéia, um ponto de exclamação definitivo. Na frente do espelho, uma interrogação constante. Sei tanto do mundo e tão pouco de mim. Sei tudo de mim e desconheço o mundo. Esse descompasso não me descomplica, não me dá sossego, não me tira o sono, não me rouba a paz. Ele faz de mim tudo isso e mais um tanto, alguém sem legendas, sem tradução, sem manual. Que por não querer se explicar, não pede explicação alguma. Que por só querer amar, não se contenta com menos!

domingo, 29 de novembro de 2009

A lua no cinema (Paulo Leminski)

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

...

"Vou guardar você dentro de mim e jogar a chave fora..."

Posso?

AMEIIIIIII..... Via @jampa

"Se eu digo pare, você não repare no que possa parecer...se eu digo siga, o que quer que eu diga, você não vai entender...mas se eu digo venha, você traz a lenha pro meu fogo acender..."

Esse texto é antigo, estava nos rascunhos....mas do nada, senti falta dele aqui...

é no quase que me recordo...

quando quase me esqueço, quando quase sou feliz, quando quase consigo apagar do meu sangue que ainda corre quente, as lembranças delinquentes daquilo quase foi...

é no quase que me perco...

quando quase volto atrás, quando quase pego o telefone, quando quase lembro o número, quando quase digo alô...

é no quase que te reencontro...

quando quase acredito, quando quase sinto falta, quando quase sofro, quando quase choro...

e é no quase que eu me recomponho...eu nunca estive tão perto de estar tão longe de tudo aquilo...eu tô quase lá...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

"Ele abriu o sorriso.
Ele abriu.
Eu não soube dizer não.
Eu não.
Ele brincou com meus sentidos.
Ele fez.
Eu aceitei a ousadia.
Eu não fujo.
Ele soube seduzir.
Eu disse sim.
Ele soube compartilhar.
Eu me arrepiei.
Ele abriu o cofre da intimidade.
Eu decorei a combinação.
Ele me mostrou o início, o meio, o fim e o depois.
Eu não me perdi.
Ele fez brincadeiras.
Eu me diverti.
Ele abriu um sorriso.
Eu abri."


Egídio La Pasta Jr.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

..."me deixa morar nesse azul, me deixa encontrar minha paz"...

“sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor, pois se eu me comovia vendo você, pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo, meu deus como você me doía de vez em quando, eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça, então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta, mas tanta coisa que eu vou ficar calada, um tempo enorme só olhando você sem dizer nada, só olhando e pensando, meu deus mas como você me dói de vez em quando.”

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Quando eu olhei pra você...

...não foi o sonho que eu vi. Também não vi a ilusão da perfeição leviana que cega e entorpece. Não vi o príncipe, não vi certeza, não vi a cura definitiva para a solidão que por vezes me captura...

...estava tudo lá...mas pra nada disso eu olhei...

Não vi o futuro, não pensei no passado, não fiz planos, não criei expectativas egoístas que só beneficiam seu próprio criador...

Não esperei. Não roteirizei. Não ouvi tocar os sinos. Nada disso aconteceu.

Mas algo muito maior que o clichê das borboletas me arrebatou. Um gosto doce, um cheiro bom, uma cor dos olhos da alma da pele dos pêlos da vida do percurso dos percalços... não sei que palavras usar...não as tenho...ninguém tem...nunca foram ditas...eu nunca as disse antes e nem ouvi dizer e nem li e nem sonhei...eu também não planejei...

Quando eu olhei pra você, eu mal consegui respirar...meus sentidos se ausentaram por segundos que não sei contar...

Quando eu enxerguei você...eu não conseguia te olhar...e contianuava te olhando...sem poder enxergar...

E mesmo sem te ver, eu conseguia te sentir...mas nunca te decifrar...

E nada de ruim me aconteceu depois de você...aliás, nada de nada me aconteceu depois de você... nada que eu tenha notado, computado, me importado...

Só você, entre os mil acontecimentos cotidianos, me aconteceu depois de você....

Isso importa...tudo isso me importa...você me importa...

...
[ uma parte de mim | pesa, pondera: | outra parte | delira. ] #gulllar

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Então é pra lá que os balões vão? Sempre quis saber, desde pequenininha! :)

Lindo!!!!!

O espantalho que sonhava em conhecer o mar....

...e a pessoa que generosamente, soube realizar o tal sonho...

Como eu amo esse filme, essa fábula, essa trilha e os sentimentos que tudo isso me traz. Fazia tempos que não via e hoje, do nada, me lembrei dele. Ele me faz acreditar que podemos criar campanhas tocantes, verdadeiras, emocionantes...que não vendem produtos apenas, mas que despertam desejos possíveis!

Two Lovers



Filme arrebatador, que me fez querer ouvir "À flor da pele" - uma das mais lindas do Chico e do mundo na minha opinião...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

...

[ isso de querer | ser exatamente aquilo | que a gente é | ainda vai | nos levar além ] #leminski

Dois ou três almoços, uns silêncios.

Caio Fernando Abreu

"Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.

Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso - aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome."

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

“Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles. Eu não podia saber, ele não falava. E, depois, ele não veio mais. Eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. Mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.”

Caio Fernando Abreu

sábado, 7 de novembro de 2009

~I gotta feeling...That tonight's gonna be a good night~

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Lindo!



“dear karen,

if you’re reading this, it means i actually worked up the courage to mail it. so, good for me. you don’t know me very well but you get me started, i have a tendency to go on and on about how hard the writing is for me. but this… this is the hardest thing i’ve ever had to write. there’s no easy way to say this, so i’ll just say it.

i met someone.

it was an accident. i wasn’t looking for it. it wasn’t on the make. it was a perfect storm. she said one thing. i said another. next thing i knew, i wanted to spend the rest of my life in the middle of that conversation. now there’s this feeling in my gut. she might be the one. she’s completely nuts… in a way that makes me smile — highly neurotic. a great deal of maintenance required.

she is you, karen.

that’s the good news. the bad is that i don’t know how to be with you right now. and it scares the shit out of me. because if i’m not with you right now, i have this feeling we’ll get lost out there. it’s a big, bad world full of twists and turns, and people have a way of blinking and missing the moment… the moment that could’ve changed everything.

i don’t know what’s going on with us, and i can’t tell you why you should waste a leap of faith on the likes of me… but, damn, you smell good — like home. and you make excellent coffee. that’s got to count for something, right?

call me.

unfaithfully yours,
hank moody.”

O que eu quero de você. Por Milly Lacombe.

"Quero acordar do seu lado num domingo de manhã e saber que não temos hora para sair da cama. E, depois, ir tomar café na padaria e ler o jornal com você. Quero ouvir você me contar sobre o trabalho e falar detalhadamente de pessoas que eu não conheço, e nem vou conhecer, como se fossem meus velhos amigos. Quero ver você me olhar entre um gole de café e outro, sem nada para dizer, e apenas sorrir antes de voltar a folhear o caderno de cultura. Quero a sua mão no meu cabelo, dentro do carro, no caminho do seu apartamento. Quero deitar no sofá e ver você cuidar das plantas, escolher a playlist no ipod e dobrar, daquele seu jeito metódico e perfeccionista, as roupas esquecidas em cima da cama. E que, sem mais nem menos, você desista da arrumação, me jogue sobre a bagunça, me beije e me abrace como nunca fez antes com outra pessoa. E que pergunte se eu quero ver um DVD mais tarde. Quero tomar uma taça de vinho no fim do dia e deitar do seu lado na rede, olhando a lua e ouvindo você me contar histórias do passado. Quero escutar você falar do futuro e sonhar com minha imagem nele, mesmo sabendo que eu provavelmente não estarei lá. Quero que você ignore a improbabilidade da nossa jornada e fale da casa que teremos no campo. Quero que você a descreva em detalhes, que fale do jardim que construiremos, e dos cachorros que compraremos. E que faça tudo isso enquanto passa a mão nas minhas costas e me beija o rosto. Quero que você nunca perca de vista a música da sua existência, e que me prometa ter entendido que a felicidade não é um destino, mas a viagem. E que, por isso, teremos sido felizes pelos vários domingos na cama e pelos sonhos que compartilhamos enquanto olhávamos a lua. Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos. De tudo o que vivemos. Que você me guarde na memória, mais do que nas fotos. Que termine com a sensação de ter me degustado por completo, mas como quem sai da mesa antes da sobremesa: com a impressão que poderia ter se fartado um pouco mais. E que, até o último dia da sua vida, você espalhe delicadamente a nossa história, para poucos ouvintes, como se ela tivesse sido a mais bela história de amor da sua vida. E que uma parte de você acredite que ela foi, de fato, a mais bela história de amor da sua vida. Que você nunca mais deixe de pensar em mim quando for a Londres, escutar Dream’ Bout Me ou ler Nick Hornby. E, por fim, que você continue a dançar na sala. Para sempre. Mesmo quando eu não estiver mais olhando."