sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Reza, faz uma prece, espera que logo logo amanhece. Deixa o correr do tempo adoçar a fúria das línguas. Reza. Faz a sua oração. Lembra o que você leva no coração e deixa os cínicos bem longe das suas verdades. Exorcisa as teorias da conspiração. Existe amor ao seu lado. Confia. Deixa o universo confiar. Solta as pedras, elas são muito pesadas para a delicadeza das suas mãos. Aceita o carinho e o afeto mesmo que eles não venham conforme as suas expectativas. Olha nos olhos e da um sorriso. Amacia, alivia, acaricia a dureza dos dias. Faz uma ponte, ou duas, ou uma dezena delas. Derruba uma parede. Não dê as costas. Esteja leve. Esteja inteiro. Esteja presente. Seja doce com a vida e dócil com as pessoas. Acalma a alma e sossega essa aflição.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

As escolhas dentro da minha melhor escolha!

Escolhi ter um filho, não um antídoto contra a possível solidão septuagenária que um dia me encontrará. Escolhi ter um filho para deixa-lo voar todos os voos que façam dele uma pessoa melhor e do mundo um lugar mais aconchegante. Quero contribuir pra que ele seja feliz e espero estar por perto quando as coisas ficarem difíceis, mas o meu maior desejo é que ele não precise da minha presença. Escolhi deixar que ele não dependa de mim. Escolha bem difícil para uma mãe canceriana. Escolhi ter um filho para ensiná-lo que a gentileza acolhe a alma, que caráter não é negociável e que o que é certo, não deixa margem para dúvida alguma. Escolhi ter um filho porque tenho fé na vida. Juntos escolhemos que ele nasceria nesse mundo, nessa época, nesse país, nessa cidade, “nesse tanto a fazer” por um lugar mais feliz. E faremos!
Ro, você chegou na minha vida e colocou os pingos nos “is”da palavra amor! Há 5 anos você me inspira a ser uma pessoa mais justa e generosa. Você sabe quem eu sou, aceita minhas imperfeições e reconhece o grande esforço que faço para fazer a coisa certa, mesmo quando meto os pés pelas mãos e faço tudo errado. Você me acalma, me equilibra e sossega o meu coração sempre que me olha com esses olhos de mar, com esses olhos de amar! Me apaixono louca e perdidamente por você o tempo todo. Tenho a mais absoluta certeza de que você é em definitivo, o grande amor da minha vida! Ô sorte!

Pedacinho de gente com cheiro de talco!

O Theo tem me ensinado a ficar atenta aos enredos, as vírgulas, as pausas, aos silêncios. Antes dele, eu tinha mais palavras, mais frases de impacto, mais provas racionais para tudo. Hoje, sinto que perdi boa parte do meu extenso dicionário que pretenciosamente tentava explicar a vida. Há tempos não abro meu manual de instruções que estipulava as regras, definia as pessoas, controlava o tom, o timbre, a intensidade do que era dito e mostrado. Meu filho trouxe a tona a fé que sempre tive na paixão. Uma fé que por algum tempo pensei que deveria ser amenizada, domada, condicionada a ser mais discreta. Afinal, a fé na paixão fala alto, faz barulho, não se conforma, entra em confronto, abre caminho, muda as regras, destrói zonas de conforto e muitas vezes, incomoda. Reverenciar nossas paixões certamente nos leva a conhecer o sucesso, o fracasso, o ridículo, o invejável, o doído, o bálsamo, o peso, a cura e a leveza. Não dá para viver essa fé sem correr o risco de se decepcionar, de desagradar, de passar pelos mais diversos tipos de julgamento. Mas não conheço outro jeito de viver a vida que não esse. E quando vejo que meu filho reviveu em mim todo o barulho contido no silêncio, todo o movimento presente na pausa, cada recomeço que nasce das vírgulas e não apenas dos pontos finais, passo a entender melhor as razões pelas quais eu nunca pautei a genialidade de um livro pelo que estava escrito em sua última página, muito menos por um único capítulo que possa ter de sobressalto, me entediado. Cada novo dia descortina uma nova chance de escrever um capítulo melhor, exercitando a fé que temos em nossas paixões. E aí meus amigos, vale lembrar que o desenrolar do enredo é cheio de possibilidades. Afinal, a vida tem muito mais vírgulas que pontos finais.