terça-feira, 2 de junho de 2009

A vida é uma só

Clichê né. Pois é. Mas as vezes a gente nem se da conta do quão verdadeiro ele é. Se vamos nascer de novo, se vamos reencarnar, se viveremos num condomínio cheio de cachorros lindos correndo de um lado pro outro no céu (minha concepção de céu é essa, um lugar cheio de cachorros lindos e saltitantes) ninguém sabe. E se soubéssemos seria uma falta de sentido isso aqui. Sabe por quê? Porque muitos passariam a vida no sofá esperando que a próxima vida fosse mais movimentada.

Um avião caiu no domingo a noite. Desintegrando promessas de vida nova, de amores futuros, de possíveis filhos, de um reencontro que dolorosamente não acontecerá.

Eu poderia estar lá. Você também. E um de nossos amigos ou familiares. E ainda que nenhum dos nossos conhecidos estivesse la dentro, é impossível não se comover, não se questionar, não se entristecer. Somos todos, absolutamente frágeis. Cristal.

A vida é assim, num segundo tudo está inteiro e no segundo seguinte, tudo pode estar aos cacos. Portanto, eu quero continuar vivendo intensamente. Pingando de suor na pista de tanto dançar. Fazendo com paixão o trabalho que me propus a fazer. Me apaixonando perdidamente. Tendo noitadas de vinho e de riso descontrolado com meus amigos, ainda que eu esteja um caco depois de um dia de trabalho insano.

Eu vou continuar tratando todas as pessoas que me são caras e imprescindíveis com o maior amor desse mundo. Ainda que eu me decepcione, ainda que eu um dia as perca, ainda que elas decidam sair da minha vida sem dizer o motivo. E principalmente, vou fazer acreditando no dia de hoje, que pode ou não ser o último, mas que certamente é único. E é único pois é dele que é feito o agora. E o agora, é tudo o que temos na vida.

Eu quero viver os ganhos sem o medo das perdas. Elas são inevitáveis e uma hora acontece pra todos nós. Eu quero me jogar nas presenças. Quanto às ausências, cabe a cada um de nós sofrê-las sem deixar que a vida pare. Temos todos os nossos momentos de luto. Seja pelas rupturas bruscas dos nossos relacionamentos afetivos, seja pela dor incomparável causada pela morte daqueles que amamos.

Não há como evitar a dor. Uma hora ela chega sem bater na porta e entra, ainda que esteja trancada. Mas há como viver os momentos de alegria até a última gota. Com gratidão, com o coração descompassado de emoção, inocente como o coração das crianças que simplesmente aceitam que nunca saberão do que virá.

Se o amanhã será melhor ou pior, não me interessa saber. Eu quero mais é me jogar no hoje, no agora, no minuto precioso de vida que tenho nas mãos. Ele é só o que tenho, ele é tudo o que preciso. Se for triste, vai passar. E se for feliz, também.

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