sábado, 11 de julho de 2009

Somos capazes de perdoar?



Pra mim, o perdão não tem a ver com entendimento, compreensão ou generosidade. Perdoar requer aceitação. Aceitar o erro não é compreendê-lo, é simplesmente lidar com o fato de que todos nós passamos pela vida numa sucessão incontável deles. Os que cometemos e aqueles que nos acomentem.

Não acho que o perdão enobrece. Acho que ele redime. Ele nos deixa seguir em paz. Com um pouco mais de leveza. Com menos rancor. Perdoar não é abrir as portas já fechadas para um amor que se acabou. Mas é pensar mais nos bons momentos, que naqueles que nos machucaram. Perdão não é sinônimo de "claro meu grande ex-amigo, volte a frenquentar a sala do meu coraçao". É simplesmente aquietar a mágoa deixando que ela sutil e lentamente, vá embora.

O perdão não restaura sentimentos rachados. Mas ele nos faz sentir coisas novas e menos tensas. O perdão redireciona os holofotes da nossa dor. Quando deixamos que ele entre, ele faz uma faxina em cada canto da mágoa estéril. O perdão fertiliza uma terra há muito desnutrida. Ele nos permite o recomeço.

O filme acima é um grande beijo na boca e uma bofetada bem no meio da cara. Pelo menos foi assim que me senti enquanto, chorando baldes, eu assistia.

Acho que a dificuldade em perdoar o outro, vem do fato de muitas vezes, não conserguirmos nos perdoar. Passei a vida as voltas com duas palavras cruéis e na maioria das vezes, mal aplicadas: pecado e culpa. Esse tormento foi a parte que me coube no latifúndio do catolicismo, ao qual fui inserida desde que nasci. Se sou pecadora, sou culpada. Se sou culpada, não mereço perdão. A não ser o divino, que nem sei se terei. Odeio isso.

Me libertei do catolicismo e aceitei o fato de que a minha consciência é que me guia. Diante dos meus pecados, me entenderei primeiro com ela. Isso não significa que eu não vá errar. Eu erro muito e erro na mosca. Mas significa, que serei a primeira a entender meu erro e as consequências dele na minha vida e na dos que amo. Antes de pedir perdão aos demais, terei que me perdoar. Se eu não for capaz fazê-lo, não há porque querer que o outro faça.

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