segunda-feira, 7 de setembro de 2009

No mar...

Ela caminhou por algumas horas na areia. Garoava insistentemente, mas não estava frio. O mar estava inconstante. Oscilava entre agitação e uma quase calma. Parecia orquestrado pelos pensamentos dela. Eles vinham causando certo tumulto, tateavam pedaços de sentimentos, histórias difusas, esperanças meio fora do contexto, que na medida em que se acalmavam, voltavam para o mar.

Ela estava longe de sentimentos irracionais. Consciente. Era isso. Ela estava consciente. E a consciência, tira os holofotes dos sentimentos mais irracionais, colocando uma calma equilibrada no lugar deles.

Ela caminhou completamente sozinha por algumas horas, tentando compreender que parte lhe falta que nunca esteve ali. É curioso o fato das pessoas sentirem saudade de coisas que nunca viveram. Porque é uma saudade com a qual ninguém sabe lidar. As pessoas sabem administrar perdas, ausências, ganhos, conquistas. Mas definitivamente não estão prontas para entender a falta que sentem do dia de amanhã e das surpresas que ele reserva.

Na caminhada, ela não conseguia distinguir o som das ondas da melodia de seus pensamentos. Ela repetiu mentalmente por vezes seguidas uma frase, quase um mantra, que dizia; "eu não estou ignorando, eu estou dimensionando". E dimensionar é como ranquear. Cada pessoa, plano, sentimento e sonho tem seu devido lugar reservado coração. É preciso dimensionar para não se confundir, para não se desgastar.

Ela caminhou sem se importar com o ponto de chegada. Apenas se concentrou no caminho. Em seus passos. No mar de pensamentos trazidos pelas ondas.

Por fim, sentou-se ali. Olhos presos no horizonte. Sentimentos soltos ao vento. Vagas promessas, grandes desejos, planos reais, pequenas epifanias...

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