quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Ando meio sonolenta, desatenta, monocromática.
Sejam pacientes comigo, vai. Continuarei por algum tempo ainda recusando festas, fotos, flashes. Não consigo me lembrar onde deixei aqueles pedaços retorcidos que sobreviveram aos incêndios. Preciso encontrá-los, sei bem. Mas fiquei alérgica demais a gavetas, armários, caixas mofadas, roupas esquecidas na lavanderia, sapatos velhos de sola furada. É verdade que o movimento noturno que acontece debaixo da minha janela anda insinuando convites. Mas por hora, devo mantê-la fechada. E que ninguém venha me salvar. Deixei nos livros infantis os improváveis contos de fadas. Hoje eu quero a realidade possível. E nela, esses momentos de ausência espontânea são saudáveis e sem o menor drama, deliciosamente necessários.

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