terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

- Eu não estava habituada a ausências.
- Você não estava era preparada para o ponto final.
- Talvez. Mas repito. Ausências me assustam desde criança.
- O não é que te assusta. E quando ele se impõe na sua frente, certeiro e irredutível, você se desespera.
- Eu não estou desesperada. Estou saudosa. Sinto falta daquela última ligação de boa noite antes de me entregar ao sono. Tenho uma saudade profunda das conversas jogadas fora, do carinho sem fins comerciais, do jeito que ele abria a porta para entrar em casa. Pra ser sincera, morro com a falta do braço dele me aconchegando madrugada adentro.
- Mas foi você quem fechou a porta. Ele apenas concordou.
- Concordou depressa demais.
- Você está sendo infantil.
- Essa sua análise pseudo-freudiana não me faz muito bem.
- Não estou analisando. Estou constatando. Você não suporta lidar com o fato de que ele foi embora porque deixou de te amar.
- O que eu não suporto é o fato de eu ter tido que mandá-lo embora depois que ele deixou de me amar. Fui forte, mas esse papel era dele. Justo ele que sempre foi tão fraco.
- Seu julgamento é raso.
- Sua mania de rotular é profunda. E me irrita.
- Você não acha que foi até o fim?
- Acho que o fim veio até mim. Eu ainda tinha o que viver ali. Eu fiz outros planos. E o fim não fazia parte deles.
- Que planos? Envelhecer ao lado dele cuidando dos netos?
- Viver ao lado dele cuidando da gente.
- Você não é tão romântica assim.
- Sou intensa. E sinto falta de dividir a vida com ele.
- Com ele ou com alguém?
- Por enquanto, só com ele. Mas eu sei que isso vai passar, que vou me jogar na vida e que mais cedo ou mais tarde, irei dividi-la com uma outra pessoa.
- Espero que você escolha melhor. E você, espera o quê?
- Espero apenas ser feliz de novo.

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