DÉCIMO FRAGMENTO DA DÉCIMA TERCEIRA VOZ
"Bem sei que gostarias. Mas não te colocarão na cruz, querido. Quanta vaidade, quanto palavreado tolo, quanta culpa idiota. Tanta Piedosa Afetação Messiânica. Desde o começo, sempre foi mentira. E todos sabiam. Pelo menos, enfrenta. Como aquela, mentindo naturalidades com tamanha perfeição que até consegue dizer: sou simples. E diz a verdade quando mente. Não me venhas com Densas Complexidades Psicológicas. Artimanhas, embustezinhos corriqueiros. Portas falsas, coração. Tudo isso me nauseia como a décima dose de um licor de anis. Oxum boceja, uma pluma amarela cai de seu leque. A culpa não existe. A mentira não existe. Falas com arcanjos enquanto cagas. Depois lavas as mãos, lês amenidades pelos jornais. Tudo não passa de um emaranhado de vísceras. Levarás para o túmulo tanta delicadeza, tamanha pudicícia. Os vermes engordarão de tanto açúcar-cande. O que não impedirá o fedor deflutuar como uma aura às avessas sobre a tua cova. Depois, talvez, quem sabe, por que não o Túnel de Luz Ofuscante? Não decifras nada, esfinge de plástico. Até quando insistirás nessa valsa grotesca, nos cristais de palha?"
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