quinta-feira, 19 de março de 2009

Uma noite pra ser lembrada

Ela se despiu das expectativas e foi escolher um vestido. Optou por um cobre, que cobria um pouco e mostrava um pouco. Era perfeito para um jantar que há tempos vinha sendo postergado.

O constrangimento do primeiro encontro não durou mais que dez segundos. O moço do riso fácil, do papo bom e do humor despretensioso fez com que ela se sentisse completamente a vontade. Tão a vontade que o primeiro palavrão da noite saiu da boca dela em quinze segundos. Era a única palavra que serviria para o contexto, que agora, não vem ao caso.

Ele escolheu cuidadosamente o restaurante, tendo a delicadeza de perguntar sobre as preferências gastronômicas da moça. Pediu ao sommelier a indicação de um vinho tinto, sem a menor preocupação em fazer o tipo “sou um profundo conhecedor das boas uvas e das melhores safras”. Na verdade, nenhum dos dois fez a menor questão de mostrar seus profundos conhecimentos sobre qualquer que fosse o assunto. O que fez daquele jantar uma deliciosa despretensão.

Falaram um monte sobre um monte de coisas. Riram muito da vida, dos causos, das alegrias e até das pequenas tristezas passadas. Identificavam aos poucos traços da personalidade do outro. Descobriam preferências, entendiam silêncios e alimentavam a curiosidade mútua.

O tempo passou, a fome passou, passou o desconhecimento. Uma intimidade se estabeleceu ali por puro acaso. Nada acontecia fora daquele encontro que merecesse a mais vaga lembrança. Pessoas chegavam, jantavam, saíam, novas pessoas entravam e nada deles perceberem a movimentação ao redor.

Naquela pequena mesa de madeira e toalha branca, enfeitada com flores e iluminada por velas, uma nova possibilidade nascia. E nascia, tanto pela empatia entre eles, quanto pelo momento de vida de ambos. Os dois buscavam a felicidade real e sabiam das responsabilidades envolvidas naquela possível conquista.

Por vários momentos ela se viu num estado de completo encantamento provocado por aquele homem. Um homem de verdade. Em paz com suas escolhas, certo do que espera da vida, empenhado em resolver as questões que ainda não tinham respostas.

Ele também se deixou encantar pela força da mulher e pela fragilidade da menina. Ele soube identificar sua passionalidade, soube respeitar sua mágoa profunda e recente, soube deixá-la confortável diante daquele encontro, do qual ela fugiu por dias em respeito à própria dor.

Sobre possíveis reencontros nada se sabe. Mas uma certeza os arrebatou: uma linda epifania aconteceu naquela noite.

Um comentário:

Anônimo disse...

hmmmmm, q date promissora!!!
saudade, flor!!
bjos
Simone