segunda-feira, 9 de março de 2009

Um diálogo...uma busca.

- Você me parece triste.
- Devastada é a palavra.
- O que fizeram pra você?
- Melhor perguntar o que eu fiz a mim.
- Diga.
- A desconfiança é pior que o desamor. Ela envenena a gente. Eu deixei esse sentimento tomar proporções absurdas. Eu nutri o medo enquanto deixava a esperança morrer de inanição.
- Quando foi que você tomou consciência disso?
- Quando deixei de me reconhecer. Quando me olhei no espelho e vi alguém que detestei.
- Não seja tão dura com você.
- Só essa dureza poderá me resgatar. Eu quero voltar a confiar em mim. Quero acreditar que sou capaz de fazer alguém feliz. Quero dormir em paz e despertar com alegria. Quero declarar o fim dessa guerra.
- Ninguém começa uma guerra sozinho. Normalmente, ela é fruto de um descontentamento de todas as partes envolvidas num contexto. Partes que não conseguiram chegar num consenso por meios pacíficos.
- Talvez. Mas eu podia ter feito melhor a minha parte. Eu confesso que tentei desesperadamente. Mas fracassei. Fracassei em tudo. Como mulher, como companheira, como amiga, como pessoa.
- Mas e o outro?
- Não estou aqui para falar do outro, muito menos para colocar nele a culpa dos meus atos impensados. Cada um dá o que tem. Ele certamente, deu. Eu só quero me curar. Por mim, pra mim. Voltar a sorrir, sabe?
- Sei. Mas você deu o que tinha?
- Dei mais. Esse foi o começo do grande erro. Ir além do que podemos, é negar nossa verdade. Eu neguei a minha para não perder o outro. Mas esse caminho é errado e cruel. Cruel comigo, que perco a identidade, cruel com ele, que perde a pessoa por quem se apaixonou.
- O que você vai fazer?
- Seguir. Evoluir. Melhorar. Cuidar de mim. Voltar a ser feliz. Não pretendo fechar os olhos para as minhas questões. Pretendo resolvê-las de fato.
- Você tem idéia de como irá fazer isso?
- Aquietando meu coração. Ficando em silêncio. O silêncio é uma prece poderosa. Vou conseguir voltar a ser o que me agrada. Voltarei para a essência da qual eu sempre me orgulhei.
- Ele vai saber disso?
- Não. Eu vou. Não faço isso por ele. Faço por mim. Ele já deixou de se interessar faz tempo. E quer saber? No lugar dele, eu também já teria deixado.
- Lá vem você de novo, se culpando por tudo.
- Me culpo por mim. Pelo meu comportamento infantil. Atitudes alheias não podem influenciar as minhas. Isso é escravidão. Eu tenho que ser eu, independente do que o outra seja. Independente do que ele faça.
- Pra isso, só morrendo e nascendo Buda.
- Pra isso, só aquietando a alma. Eu só preciso de auto-conhecimento e amor próprio. A partir do momento que meu amor por mim for incondicional, o rancor se afastará e a confiança se restabelecerá.
- Eu sinceramente espero que você consiga.
- Eu honestamente me comprometo com isso.

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